quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Negros recebem quase 40% menos por hora de trabalho do que demais camadas da população, segundo Dieese

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

Os negros – parcela da população que inclui pretos e pardos – recebem por hora, em média, 60,4% do pago às demais camadas populacionais. Essa é uma das conclusões do estudo divulgado hoje (17) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A pesquisa Negros no Mercado de Trabalho da Região Metropolitana de São Paulo mostra que um negro ganha, em média, R$ 5,81 por hora trabalhada, contra R$ 9,62 pagos a outros trabalhadores.

O principal motivo dessa desigualdade, segundo o estudo, é que a inserção dos negros no mercado de trabalho ocorre principalmente nas ocupações menos especializadas e pior remuneradas. Em 2010, 10,8% da população negra economicamente ativa trabalhavam como empregados domésticos. Entre a população que se declara branca e amarela, essa proporção é 5,7%.

Na construção civil, estavam empregados 8,8% dos negros inseridos no mercado de trabalho e 5% dos não negros. Segundo o estudo, esses setores são exatamente aqueles em que predominam postos de trabalho com menos exigências de qualificação profissional, menor remuneração e relações de trabalho mais precárias. “Por isso, menos valorizados socialmente”.

O serviço público absorve uma proporção maior de ocupados não negros (8,4%) do que de negros (6,2%). O fato de ser uma carreira que requer a aprovação em concurso público mostra, de acordo com a pesquisa, a falta de acesso dos negros ao ensino de qualidade.

A diferença também é grande no grupo que incluiu desde profissionais autônomos de nível universitário até donos de negócios familiares. O percentual de negros ocupados nessas atividades é 3,9%, contra 9% entre os não negros. “Dispor de riqueza acumulada que permita montar um negócio ou ter nível superior de escolaridade provavelmente são os fatores que explicam a exclusão de grande parte dos negros.”
Edição: João Carlos Rodrigues

Negro sofre 'discriminação institucionalizada' no serviço de saúde, diz diretor de ONG

Para Athayde Motta, do Fundo Baobá, serviços do Estado reproduzem preconceito de parte da sociedade.
Foto: BBC/Cortesia

Fonte: BBC Brasil

Além de ter menos acesso a planos de saúde do que brancos, a população negra também sofre uma "discriminação institucionalizada" nos serviços públicos de saúde do país, segundo o diretor do Fundo Baobá, Athayde Motta.

"De alguma forma, os serviços do Estado reproduzem o preconceito de parte da sociedade. Pesquisas mostram que nos locais onde a maior parte da população é negra o serviço tende a ser pior", diz Motta.

A tese defendida por Motta, que dirige o Fundo Baobá, uma ONG que viabiliza projetos que promovam a equidade racial, já foi sentida na pele por Marcelo Antonio de Jesus. Educador em uma ONG em São Paulo, 36 anos, Jesus conta que "durante exames", já sentiu "que há o receio de alguns médicos de tocar o paciente, pelo fato de ser negro".

"Isso também ocorreu com familiares. No meu caso, em uma ocasião, fui a dois médicos diferentes. Um deles nem me examinou e deu o diagnóstico só a partir do que eu havia contado", disse.

Eliane Barbosa, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo que publicou um trabalho analisando políticas públicas que lidam com desigualdade no país, diz que parte dos médicos dão tratamento diferenciado a indivíduos brancos e negros, mas não apenas ns serviço de saúde público como também no privado.

"Em alguns casos os médicos consideram que as mulheres negras, por exemplo, são mais fortes que as brancas, que elas não precisam dos mesmos cuidados", diz Eliane, que tem 40 anos e faz parte da parcela dos 15,2% dos negros que possuem plano de saúde no Brasil.

Segundo pesquisa do Instituto Data Popular, a proporção dos brancos com acesso plano de saúde é o dobro, ou 31,3%.

"Racismo inconsciente"
Para Eliane, não se trata necessariamente de um 'um preconceito racional' por parte dos profissionais de saúde.

"Não quer dizer que eles querem discriminar alguém", diz. "É uma questão de referência dos médicos, geralmente homens e mulheres brancas. É uma questão muito profunda, uma reprodução inconsciente de um comportamento (racista da sociedade)."

Marcelo Antonio de Jesus, que é educador, defende que a questão seja abordada nos cursos de medicina do país.

"É necessária uma quebra de cultura. Boa parte dos estudantes de medicina vem de uma elite. É difícil que esses profissionais queiram depois atender na periferia. É até compreensível, porque eles vão encontrar uma realidade muito diferente da que vivem. Por isso a educação é importante", diz.

Eliane também acha que é preciso incluir a questão racial nas universidades. Ela lembra, ainda, que existem algumas doenças com maior incidência em determinados grupos, "como é o caso da pressão alta entre os negros", diz.

Ascensão e discriminação
A ascensão da classe C no Brasil permitiu um acesso maior de parte significativa da população negra brasileira a renda e consumo. Mas, segundo Athayde Mota, isso não significa que a discriminação racial diminuiu.

"A ascensão da classe C está transformando a vida dessa população em vários sentidos. Mas a discriminação racial continua a se manifestar, só que agora em outros locais. O preconceito aparece em restaurantes e locais que os negros não frequentavam", diz Motta.

Governo e movimentos sociais debatem políticas públicas específicas para os negros

Governo e movimentos sociais debatem políticas públicas específicas para os negros
www.es.gov.br
Foto: Thiago Guimarães/Secom-ES

Renato Casagrande já indicou os três secretários que serão os interlocutores oficiais do Governo no grupo de trabalho


O governador Renato Casagrande e o vice-governador Givaldo Vieira receberam representantes de diversos movimentos negros do Espírito Santo para um café da manhã em comemoração à Semana da Consciência Negra, na manhã desta quinta-feira (24), no Palácio Anchieta. Durante o encontro, foi aprovada a proposta da criação de um grupo de trabalho permanente para debater as políticas públicas específicas, composta por membros do Governo e dos movimentos sociais.

Também participaram do encontro o secretario de Governo Robson Leite,da Assistência Social Rodrigo Coelho, e do Conselho Municipal do Negro (Conegro - Serra), União de Negros pela Igualdade (Unegro – Vitória) (Vitória), PMDB Afro, Conselho de Igualdade Racial de Cachoeiro de Irapemirim, Conselho do Movimento Negro do PSB, do Grupo de Estudos Afrobrasileiro do Ifes, da Pastoral do Negro e da Secretaria Nacionaldo Movimento Negro.
"Esta é a nossa primeira reunião de trabalho com pauta aberta. Temos diversas políticas públicas em andamento, conectadas às demandas dos movimentos negros, mas vamos debater também as reivindicações especificas neste grupo de trabalho permanente, a fim de aperfeiçoar a atuação do Estado e de atender aos anseios dos movimentos negros capixabas", destacou o governador, que nomeou os secretários Robson Leite, Rodrigo Coelho e Luiz Carlos Cicilioti, da Casa Civil, como interlocutores oficiais da gestão estadual.
Dentre os assuntos debatidos no encontro, destacam-se a composição de uma estrutura administrativa para as políticas públicas destinadas aos negros, segurança, preconceito racial, a situação da mulher e dos jovens negros e o desafio de eliminar as desigualdades. O governador também recebeu o documento elaborado na Assembleia do Movimento Negro Capixaba, com as principais reivindicações destacadas pelas entidades e representantes dos movimentos negros.

Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra reúne 200 pessoas em Vitória

Manifestação é contra a violência cometida contra os negros. Outro alvo são os crimes que envolvem a polícia.

gazeta online: www.gazetaonline.com.br/minutoaminuto

foto: Tiago Félix/CBN

Cerca de 200 pessoas - de acordo com estimativas da Polícia Militar - participam da IV Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra, que começou na manhã desta segunda-feira (21), por volta de 9h30 na Avenida Jerônimo Monteiro, Centro de Vitória. A manifestação tem o objetivo de protestar contra a violência cometida contra os negros. Outro alvo são os crimes que envolvem a polícia.

Alunos de escolas de ensino médio de Vitória, Serra e Cariacica participam da mobilização, que ainda conta com a participação do Movimento Estudantil da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e com uma caravana que veio de Colatina, Região Norte do Estado. Os manifestantes protestam com faixas, cartazes e um carro de som. Eles também fincaram cruzes em frente ao Palácio Anchieta para simbolizar as vítimas que morreram últimos meses. A marcha segue até o Museu do Negro, ainda no Centro.

Duas faixas da Jerônimo Monteiro estão ocupadas e apenas uma pista está liberada para o fluxo de veículos, o que provoca engarrafamento que já chega a Avenida Vitória

domingo, 20 de novembro de 2011

CRIANÇAS NEGRAS ATRASADAS NA ESCOLA SÃO O DOBRO DAS BRANCAS

foto: http://opiniaosingela.blogspot.com

Conteúdo: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/11/noticias/minuto_a_minuto/nacional/1032561-criancas-negras-atrasadas-na-escola-sao-o-dobro-das-brancas.html

Enquanto 16,7% dos alunos negros estão nessa situação, entre os brancos, o índice é apenas 8%
Agência Brasil

O percentual de crianças negras de 7 a 14 anos que estão mais de dois anos de atrasadas na escola é o dobro do registrado entre as brancas. Enquanto 16,7% dos alunos negros estão nessa situação, entre os brancos, o índice é apenas 8%. Os dados compilados pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) são referentes a 2009 e reforçam a tese de que as desigualdades entre negros e brancos se repetem no ambiente escolar.

O fator socioeconômico geralmente é o mais usado para justificar o "atraso" escolar dos estudantes negros em relação aos brancos. Isso porque a condição social do aluno tem grande impacto na aprendizagem e a maioria da população de baixa renda do país é negra. Mesmo quando são considerados alunos de um mesmo nível econômico, os não negros têm desempenho superior aos negros.

É o que aponta um levantamento feito pelo economista Ernesto Faria, do Portal Estudando Educação. Comparando as notas de matemática e português da Prova Brasil de 2007, alunos de uma mesma faixa de renda e cor da pele diferentes também têm notas desiguais. Entre os 25% de estudantes mais pobres do 5º ano do ensino fundamental, a nota dos brancos é, em média, 8 pontos superior nas duas disciplinas. Entre os 25% mais ricos, a distância é ainda maior: os alunos brancos atingem 24 pontos a mais em português e 25 a mais em matemática.

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Para André Lázaro, especialista na temática de diversidade em educação, uma das explicações para esse resultado é que, em geral, os alunos negros frequentam escolas com pior infraestrutura em comparação aos não negros. Essa situação foi revelada pelo Relatório das Desigualdades Raciais, lançado este ano pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em todas as etapas de ensino, os negros enfrentam piores condições que os brancos.

Enquanto 9,6% dos alunos brancos do 9º ano do ensino fundamental frequentam escolas com nenhuma adequação, entre os negros, o índice é de 12,9%. Já no 5º ano, 27,9% dos brancos frequentam escolas com estrutura exemplar - entre os negros, o patamar é de 22%.

"Além da questão estrutural das escolas, não tenho dúvida de que a dimensão cultural é fortemente explicativa do resultado escolar. O racismo tem um impacto muito forte na educação. Os modelos e exemplos educacionais dos livros didáticos, por exemplo, ignoram a dimensão da cultura negra e com isso você tem uma escola em que o negro não se vê", destaca Lázaro, que foi secretário de Diversidade do Ministério da Educação (MEC) e hoje é consultor da Organização dos Estados Ibero Americanos (OEI).

Um dos autores do Relatório das Desigualdades, o professor Marcelo Paixão avalia que a discriminação existente no ambiente escolar acaba por agravar as diferenças entre negros e brancos. "O espaço escolar deveria ser de formação de cidadania - quando isso não é feito de maneira crítica ele se torna um instrumento de perpetuação das assimetrias", diz.

Para a diretora de Educação no Campo e Diversidade do MEC, Vanessa Faria, tais resultados são reflexo da própria dificuldade da sociedade em reconhecer que existe racismo no país - situação que se repete no ambiente escolar. Em questionário aplicado em 2007 aos estudantes que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), menos de 3% se consideravam racistas, mas 60% disseram já ter presenciado uma situação de discriminação pela cor da pele e 30% afirmaram ter parentes racistas.

"A escola reflete o que acontece na sociedade. Por anos acreditou-se no Brasil que não existia o racismo, e fica difícil superar um problema quando ele é negado", ressalta Vanessa. Para ela, a diferença de escolarização entre negros e brancos tem diminuído nos últimos anos, e a escola está mais aberta para o debate. "Nunca se falou tanto na questão da igualdade racial, mas este é um processo em construção. Os anos de estudo da população negra crescem em ritmo maior do que entre os brancos", afirmou.

sábado, 19 de novembro de 2011

ODOMODÊ - FEIRA CRIOLA - PRODUTOS E SERVIÇOS DA CULTURA NEGRA EM VITÓRIA


FEIRA CRIOLA REÚNE PRODUTOS E SERVIÇOS DA CULTURA NEGRA EM VITÓRIA
FEIRA CRIOLA REUNE MAIS DE 20 AFRO-EMPREENDEDORES COM PRODUTOS E SERVIÇOS DA CULTURA NEGRA EM VITÓRIA
A feira é uma ação comemorativa do Dia Nacional da Consciência Negra e contará com 25 expositores, além de diversas apresentações culturais
Unindo cultura, arte e comércio, será aberta no dia 18 de novembro, sexta-feira, a FEIRA CRIOLA, que contará com mais de 20 afro-empreendedores para expor e comercializar produtos e serviços relacionados com a cultura negra.
A feira é uma realização do Núcleo Afro Odomodê, dentro da programação comemorativa do Dia da Consciência Negra, e estará montada até o dia 20 de novembro, no Centro de Referência da Juventude de Vitoria. A abertura é sempre às 15 horas e tem entrada franca.
O objetivo da Feira é difundir as raízes e a simbologia da cultura negra no Espírito Santo, além de fortalecer os micro-empreendedores do estado que trabalham com produtos étnicos.
Na FEIRA CRIOLA estarão representados os seguimentos de artesanato, moda, decoração, artes plásticas e beleza. Haverá produtos como roupas, calçados, quadros, telas de arte, ilustrações, esculturas, além de serviço de penteados afro e culinária afro especializada.
Shows de vários estilos musicais e apresentações de dança complementam as atrações nos três dias de Feira. O último dia de Feira será no Dia da consciência Negra (20 de novembro) e encerra a celebração do mês junto com a festividade do 5º aniversário do Núcleo Afro Odomodê.

FEIRA CRIOLA - CALENDÁRIO
Dias: 18, 19 e 20 de novembro (sexta, sábado e domingo)

Hora: todos os dias a feira será aberta às 15 horas

Local: Centro de Referência da Juventude

End: Av. Vitória, nº1320, Ilha de Santa Maria. Próximo a Fábrica do Trabalho.

Informações: (27) 3317-0350

Programação

Expositores: Eulália Muller; Starley Dentin; Kisili artesanato; Avivar; Inclusão Produtiva (alimentação); Working Hip Hop Shop e Galeria; Panela de Barro.com; Lidia Modas; Banzo Artes Plásticas; Fernanda de Freitas; Irineu Ribeiro; Sapatilha Renata Garcia; Estamparia Circuito Cultural; Gabi King Modas; Negrada; Ju Mosaico; Malu Bordados; Enó Escultura; Mônica Forde; Cachos e Cia; Vinícius Magalhães; Zuilton Ferreira; Sa-grilo; Estúdio Cosmonauta.

Apresentações culturais:

Sexta-feira

18h Canto e Percussão Odomodê

18h15 Motumbaxé

18h45 Canto Odomodê

19h Manguerê

19h30 Canto Odomodê

19h55min Kisili

20h35 Kunga Music

Sábado

17h30 Oscamagus

18h Fredone e os MCs

18h45 Canto Odomodê

19h Resing Young

19h30 Banzo

20h Sound System

Domingo

18h Aniversário Odomodê

18h30 Nó do Sertão

19h30 Trio Açucena

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mercado de Trabalho e a Invisibilidade das Mulheres Negras Capixabas

Sessão Especial: Mercado de Trabalho e a Invisibilidade das Mulheres Negras Capixabas
Data: 25 de novembro de 2011
Local: Assembleia Legislativa do ES, Plenário Dirceu Cardoso
Hora: 19 horas
Participe!

O Conselho Regional de Psicologia 16ª Região/ES informa:

O Conselho Regional de Psicologia 16ª Região/ES vem através deste, informá-las e informá-los que ainda teremos neste ano Conferências Nacionais de: Saúde; Assistência Social; Políticas para as Mulheres; Direitos da Pessoa Humana; LGBT; Políticas Públicas de Juventude. Segue em anexo as Conferências, datas, locais e temas que serão abordados.

As Conferências são espaços públicos de debate entre o Estado e a sociedade civil, organizada por temas, que contribui para a construção, o planejamento, a implantação e a avaliação de políticas públicas em todas as esferas de governo. Uma conferência ativa a democracia participativa produz um profundo diálogo social. Na sua preparação, são reunidos especialistas, promovidas palestras, mobilizadas as organizações sociais e são provocados os serviços públicos atinentes à temática que será debatida.

Conselho Regional de Psicologia 16ª Região/ES

V CORRIDA ZUMBI DOS PALMARES

Para marcar o Dia Nacional e municipal da Consciência Negra (20 de novembro), a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos da Prefeitura Municipal de Vitória (SEMCID) promove a V Corrida de Rua Zumbi dos Palmares pela Promoção da Igualdade Racial. A corrida tem por finalidade difundir a luta da população negra por seus direitos e a busca por uma vida saudável. São parceiras do evento as secretarias municipais de Esportes (SEMESP), Segurança Urbana (SEMSU), Administração (SEMAD), Transportes (SETRAN), Serviços (SEMSE), Desenvolvimento da Cidade (SEDEC) e Saúde (SEMUS), Coordenação Política (SECOP) e Comunicação (SECOM). Apóia o evento a Cesan, a UFES e a Vale.

1.2. A prova em sua 5ª edição será realizada no dia 27 de novembro de 2011(domingo) mesmo em condições climáticas adversas. INSCRIÇÕES

2.1. As inscrições deverão ser realizadas a partir do dia 08 de novembro a 22 de novembro de 2011 na Gerência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e de 14 a 22 de novembro no Serviço de Orientação ao Exercício (apenas para aqueles e aquelas que são atendidos por esse Programa), mediante a entrega de 1 kg de alimento não perecível (exceto sal, fubá, farinha de mesa e de trigo).

Dia Internacional para a Tolerância - Incentive e Pratique‏

Miss Universo 2011 sofre racismo em site que ostenta suástica nazista



Angolana Leila Lopes foi xingada de 'macaca' e 'filha do King Kong' na web.
Negra que venceu em SP sofreu ofensa racista de adoradores de Adolf Hitler.

Kleber Tomaz Do G1 SP


Trechos de mensagens racistas contra nova miss universo postadas por membros de site investigado por suspeita de ligações com grupos neonazistas (Foto: Reprodução)

Instantes após vencer o Miss Universo na noite desta segunda-feira (12), em São Paulo, a angolana Leila Lopes, de 25 anos, passou a receber ofensas racistas na internet pelo fato de ser negra. Mensagens em português e em inglês postadas num site internacional que se define nacionalista branco e possui adeptos do ditador nazista Adolf Hitler compararam a ganhadora do título de mais bela do mundo a uma "macaca". A brasileira Priscila Machado, 25 anos, que ficou em terceiro lugar, também sofreu insultos, sendo chamada de "crocodilo".

A miss Ucrânia Olesia Stefa, de 23 anos, segunda colocada no concurso, foi "garfada" na opinião de alguns dos participantes dos fóruns de discussão "Miss Universo 2011" e “Angolan negress crowned Miss Universe” (Angolana negra coroada Miss Universo, numa tradução livre do inglês para o português) do Stormfront (frente de tempestade).

“Angolana? Depois falam que não é resultado arranjado, é pura cota, podia por uma macaca para competir que ganharia também, foi totalmente aleatório mas tinha que ser uma das pretinhas, pela mor... Alguém assistiu essa porcaria? Serio?”, escreve um integrante da comunidade brasileira do site a respeito de Leila receber a coroa e a faixa. O autor do texto acima utiliza o símbolo da suástica nazista abaixo de um pseudônimo.

Outro membro escreveu em inglês “monkey in a dress? absolutely revolting” (macaco em um vestido? absolutamente revoltante) abaixo da foto de Leila.

O Stormfront já é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de ligações com grupos neonazistas que promovem ataques a negros, judeus, nordestinos e imigrantes no estado. De acordo com investigadores, os responsáveis pelas mensagens usam apelidos por medo. Caso sejam identificados, podem responder por crime de injúria racial. Mas para isso, é necessário que as vítimas prestem queixa numa delegacia.

Caso sejam considerados culpados, os donos dos comentários podem ser condenados a penas de reclusão de 1 a 3 anos. Como a punição é de menor potencial ofensivo, ela pode ser convertida em pagamentos de cestas básicas ou prestações de serviços comunitários.

'Filha do King Kong'
“Confesso que nem assisti, pois já imaginava o que viria a acontecer. Agora só falta Hollywood chamar a vencedora para fazer o papel da filha do King Kong”, afirma outro integrante na página do Stormfront sobre a nova miss Universo. Este diz morar em Santa Catarina.

Outro membro se mostra revoltado ao afirmar que a escolha de uma negra, na opinião dele, é uma ofensa às europeias. “Sabia que ia dar preta... como um Miss Universo no Brasil não escolheria uma preta? E olha que cara horrível, cabelo repulsivo, como conseguem escolher uma coisa dessas? Eu me indigno, não com os jurados, que são comprados para promover tais afrontas a cultura europeia, mas sim com as ovelhas que assistem isso e acham normal”, diz um participante que afirma morar no Rio Grande do Sul.

Leila Lopes recebe coroa de Miss Universo
(Foto: Reuters)

Sobre a brasileira Priscila Machado, um membro diz que ele se parece com um réptil. “Vou secar a brasileira e angolana. Mulambenta dos infernos. A brasileira parece um crocodilo sorrindo, e a angolana um poste de luz. HORRENDAS”

Outro stormfronter, como os membros do site se referem um a outro, alega que as mensagens postadas no site não são ofensivas e não incitam o preconceito. “Até porque não estamos pregando a intolerância/ódio, apenas nos divertindo com a situação. Sabíamos que ia acabar em várzea...”, diz um participante.




Reincidente
Alguns membros demonstrando que não sofrerão punição alguma fazem piada a respeito dos posts racistas e como eles seriam abordados pela imprensa. Essa não é a primeira vez que o Stormfront causa polêmica.

Na semana passada, o site, que usa a web para reunir grupos de intolerância, xingou as candidatas negras ao Miss Universo com palavras racistas. Oitenta e nove representantes de diferentes nacionalidades, ascendências e misturas raciais disputaram o título.

Também houve insultos às europeias, colocando em xeque o "grau de pureza" racial das garotas, levando-se em conta a opção religiosa delas. Havia outros questionamentos se elas são realmente brancas pelo fato de algumas não terem olhos azuis e cabelos loiros. Procurada, a assessoria de imprensa da organização do concurso não quis comentar o assunto na semana passada.

O G1 não conseguiu localizar a miss universo Leila Lopes nem as misses do Brasil e da Ucrânia para comentarem o assunto.

Em entrevista coletiva à imprensa, realizada na madrugada desta terça (13), Leila chegou a ser questionada sobre o preconceito racial. Em sua resposta, a miss Universo, que não foi indagada a respeito das mensagens ofensivas que sofreu no site Stormfront, afirmou: “acho que pessoas preconceituosas é que precisam procurar ajuda, porque não é normal, em pleno século 21, alguém ainda pensar dessa forma”.

Procurados pela equipe de reportagem, os organizadores do Miss Universo afirmaram que não iriam falar sobre os novos ataques racistas, dessa vez, contra Leila.

Em julho, a brasileira Silvia Novais, de 24 anos, eleita Miss Itália no Mundo 2011, já tinha sido vítima de racismo dos mesmos ‘nacionalistas’ do site contrários à escolha dela pelo fato de a modelo ser negra. O G1publicou reportagens sobre o caso. Ela havia vencido o concurso na Europa como a mais bela descendente de italianos. Seu bisavô materno nasceu em Florença. Num dos insultos, ela foi xingada em inglês de "negra nojenta". Procurada, a miss lamentou as ofensas, mas não registrou queixa na polícia.
Investigação
O Stormfront e seus membros são investigados há alguns anos pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), por suspeita de ser uma comunidade neonazista que recruta brasileiros. O grupo foi criado na internet nos Estados Unidos no início dos anos 1990 e arregimentou muitos paulistas. Segundo a polícia, para difundir a manutenção e expansão da raça branca, seus integrantes combinam ataques a negros, judeus, homossexuais, nordestinos e imigrantes ilegais.

Apesar de informar na sua página que a comunidade não é neonazista, racista, homofóbica e intolerante, há citações e fotos de oficiais de Hitler, suásticas e símbolos nazistas.

Stormfront
O G1 não conseguiu localizar os responsáveis pelo Stormfront para comentar o assunto. Eles não usam seus nomes verdadeiros e se escondem por trás de pseudônimos para não serem identificados, segundo a polícia. Também há um recado em inglês que informa os visitantes sobre o conteúdo que vão encontrar:

Tradutor Google

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