domingo, 11 de dezembro de 2011

A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA IDÉIA DE RAÇA

Por Clara Maria de Souza

O racismo nasce no Brasil associado à escravidão, mas é principalmente após a abolição que ele se estrutura como discurso, com base nas teses de inferioridade biológica dos negros, e se difunde no país como matriz para a interpretação do desenvolvimento nacional.
As teorias racistas, então largamente difundidas na sociedade brasileira, e o projeto de branqueamento vigoraram até os anos 30 do século XX, quando foram substituídos pela chamada ideologia da democracia racial.
Nesse novo contexto, entretanto, a valorização da miscigenação e do mulato continuaram propiciando a disseminação de um ideal de branqueamento como projeto pessoal e social.
Sua crítica só ganhou repercussão nas últimas décadas do século XX, quando a denúncia da discriminação como prática social sistemática, denunciada pelo Movimento Negro, somou-se às análises sobre as desigualdades raciais entendidas não como simples produto de históricos acúmulos no campo da pobreza e da educação, mas como reflexos dos mecanismos discriminatórios.

Denúncias de racismo são condenadas ao arquivamento

No mês em que o país comemora 54 anos da Lei Afonso Arinos, um dos primeiros mecanismos legais instituídos para condenar a discriminação racial, a denúncia de um novo caso de racismo em Alagoas reacende a polêmica sobre a ausência de rigor na punição deste tipo de crime.

O drama da desempregada Edvânia Bernardo Luz, agredida esta semana, pelo mecânico José Wilton da Silva, com as frases: “negra safada” e “todos os negros são macacos”, é mais um caso que poderá ser condenado ao arquivamento, já que o agressor veio a público manifestar seu pedido de retratação. Dados do Disk-racismo, programa disponibilizado pela Secretaria de Proteção as Minorias, numa parceria entre governos federal e do Estado, revelam que no primeiro semestre deste ano, do total de denúncias de racismo formalizadas, quase 80% permanecem em aberto por desistência das vítimas.

Quando me deparo com uma reportagem assim, percebe-se que as pessoas têm motivos de sobra para desacreditar na justiça, por medo de levar o caso adiante ou simples recuo da acusação, após o pedido de desculpas feito pelo agressor, estão entre as razões que conduzem vítimas ao abandono dos casos.
Por estas e por outras questões que as agressões e discriminações se perpetuam e parece não ter fim.

Penso que é preciso uma mudança de postura por parte do judiciário, promotores, juízes e delegados, que lidam com a apuração de crimes desta natureza.
Diante da leitura dos textos começo a perceber que temos que fazer ações que promova mudanças na sociedade.
Precisamos denunciar o racismo institucional e as práticas discriminatórias propagadas pelos meios de comunicação; Abrir um canal de diálogo com os demais movimentos que lutam contra qualquer outro tipo de opressão.
Construir propostas de políticas públicas capazes de promover os direitos das juventudes; Envolver as comunidades populares no enfretamento a violência.
Nesse sentido, é necessário estudar e compreender a origem tanto de raça quanto de racismo para evitar que elementos da sua versão biológica permaneçam criando desigualdades e, a partir daí, possamos estabelecer novas relações sociais equânimes.

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