domingo, 11 de dezembro de 2011

PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DE DESIGUALDADES A PARTIR DOS ATRIBUTOS COR, RAÇA E GÊNERO



Por Maria Rita de Cássia Sales Pereira

  Uma frase no texto em muito chamou a atenção: “o problema da pobreza é de insuficiência de recursos, enquanto que o problema da desigualdade é de distribuição desses recursos” (pág 115)
No texto O Ensino Industrial Manufatureiro do Brasil (CUNHA, Luiz Antônio. SP, Brasil Revista Brasileira de Educação, mai-ago, número 014 pp.89-107) o qual consultei para investigar como foi a transição do negro/a no mercado de trabalho pós Abolição, assinada pela Princesa Isabel, faz constar que os Colégios de Fábrica, Escolas de Artífices foram criadas para acolher os pobres, leia-se, os brancos em condições miseráveis e órfãos (filhos dos portugueses, cujos pais não suportaram a viagem), destinando aos mesmos saberes que pudessem ao longo das suas vidas se auto sustentarem. A argumentação para não aceitar negros/as nas escolas era que não possuíam qualificação mínima, tampouco condição de freqüentar aqueles lugares..
Restava aos negros/as libertos/as o trabalho manual e doméstico considerados desde o Brasil Colônia de pouco valor o qual sofria forte preconceito no Brasil Colônia. Na minha percepção não mudou em nada este entendimento. Mais adiante (em outra questão) retomo a esta frase
Os arranjos relativos à propriedade privada, à organização familiar e à herança, são também considerados fortes mecanismos de reprodução das desigualdades pois influenciam e interferem intergeracionalmente.
A antropóloga Verena Stolcke (pág 116 apostila) assevera que “as diferenças de gênero, raça/etnia, ao lado das de classe são indicadores significativos da desigualdade social, interagindo e reproduzindo a opressão ao gênero feminino.
Resumindo, há um forte “aprendizado cultural” em nossos DNA’s que nos acompanha desde a colonização e seria pueril da nossa parte entender que estas roupagens tão bem assimiladas se deslocarão para algum lugar desconhecido e distante sem que as pessoas de classes diferenciadas, com condição definida, com status delineado, vão abrir mãos e compartilharem um espaço neste grande transporte chamado vida. É cultural não querer se misturar a não ser que seja conveniente. Nossas crianças, jovens e adultos replicam o que vêem nos seus núcleos de crescimento e construção da personalidade que se chamava família com papéis claros e que colaboravam para a formação de pessoas solidárias, cooperativas e desejosas de melhoria. No meu entendimento este conjunto coopera para produção e reprodução de desigualdades. Quanto mais se fomenta a exclusividade (valor contemporâneo) mais desigualdade se instalará.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tradutor Google

/